martes, diciembre 12, 2006

M#18 Introspecção -quase- típica de fim de ano

Duas forças. A de ficar e a de sumir. Hoje peguei um livro, li dez páginas e quis ler inteiro. Me bateu uma fome de livro. Vontade de me fechar e ler, ler, ler. E não ver mais nada, durante esse tempo. E sair desse quarto escuro muito sabida, muito informada, sem saber tudo, claro, mas tanta coisa, tanta, tanta. E não é só saber, é viajar nas letras dos outros, saber a partir das imaginações dos outros, das experiências dos outros. Às vezes volto a descobrir o prazer de ler. Gosto de ler. Gosto muito de ler. Gosto de saber, também.
Mas de repente me dá aquela inquietação. Ai, meu deus. Que vontade de dançar, de cantar. Que que eu quero saber o quê. Eu quero é rir. Eu quero pessoas. Muitas pessoas, muitas pessoas sorrindo e conversando e bebendo tal vez. Ou sem sorrir nem beber, apenas cantando. Não estou nem aí pro longo prazo, o que importa é hoje, agora. Saber daquele jeito é denso, demorado. Prefiro saber assim, descontraída. Saber outras coisas. Eu quero ser feliz agora.
Aí o livro fica pela metade. A faculdade fica pela metade. Tudo vai ficando pela metade. Eu.
Dividida sempre. Sempre, sempre. Karma e patologia, loucura mesmo. Tudo ou nada.
Civilização e barbárie (como as coisas se unem num círculo só, e ao mesmo tempo se polarizam!). Muito rica e muito pobre. Muito argentina e muito brasileira. Muito inteligente e muito burra. Adoro as formas e as cores, me identifico com isso. Mas formas e cores são às vezes tão vazias. Conteúdo é sempre preciso, ao menos é preciso decidir a sua ausência... Às vezes a gente volta a perceber as contradições mais básicas de novo, aquelas que pareciam estar há tanto tempo tratadas. Que medo de morrer igual que hoje.
Que vontade de mudar.
Que vontade de mudar de verdade. Não essas mudanças medidas, progressivas... Vamos mudar tudo de uma vez. Pega o fuzil e vamos em frente. Vamos arrebentar tudo o que vier... Radicalidade, pô.
E daí vem a paz, a consciência. Peraí, não vai matar um inocente... Não vai abandonar quem te quer tanto. Não vai se meter em encrenca. Não vai se jogar por aí e perder consciência de si e acabar num buraco bêbada e mal-amada, e maltratada.

Às vezes fico fraquinha, assim, diante de mim mesma. Parece que não consigo viver com minhas próprias faces diferentes. Gostaria de ser mais lisa. Mais simples. Mais homogênea. Ter um destino possível só. Dizem que todos podemos ser qualquer coisa. Eu poderia. Mas tanta gente tem o destino tão "decidido", sem ter decidido nada. Quando eu morrer não quero ser a mesma de hoje. Quero que morrer seja um momento de bem. Se eu continuar me sentindo uma vez a cada dois anos assim, tão longe de mim mesma, serei triste a vida inteira.

Onde está o meu ponto de inflexão? À beira dos abismos, já calma, clamo.

1 Comments:

Blogger Gerardo Zir*Gertz said...

Marianita, lo bueno es que todo pasa. Seamos indulgentes con la química de nuestro cerebro. Una cosa es inalterable: Yo te amo! aunque la mayor parte del tiempo no sé cómo amarte, cómo comportarme con vos, cómo decirte las cosas, con miedo de tus enojos... y así, enmudecido.

viernes, diciembre 22, 2006 3:12:00 p. m.  

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